Bem vindo

Aqui vais encontrar "o melhor das minhas veias" sob a forma de Sonetos.
A lista aqui ao lado , numerada e ordenada para facilitar a leitura, estará em constante crescimento "na louca esperança que tu leias".
Alguns Sonetos têm associado um pequeno video ou um slide show e estão assinalados.
Os Sonetos que aparecem na página inicial foram os últimos a serem colocados, por isso aconselho a começares pelo primeiro(ver lista).
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XCV Pecaste?



Pergunta-me o padre tão solícito
detrás daquela rede protectora:
– Pecaste? Se assim for confessa agora
que eu perdoarei qualquer ilícito.

Meu filho pensa bem vai ao teu fundo,
diz lá se o que fizeste, sem vergonha.
Pecado é pior do que peçonha
é algo que te mancha e põe imundo.

Pecaste por palavras ou acções?
Eu faço um exame interior
e fico pensativo por momentos.

Desculpe padre eu peço mil perdões.
Mas juro! Eu fiz tudo por amor.
Pecados? Só se foi em pensamentos.

XCIV A Cigarra e a Formiga




Ouvi pela vida fora mil conselhos,
provérbios, lengalengas, adivinhas.
Histórias que por entre as suas linhas
transmitem a experiência dos mais velhos.

Algumas escutei maravilhado,
mas sem me aperceber do conteúdo,
sem ver que afinal, no fim de tudo,
há sempre uma lição, ou um recado.

Agora que o Inverno se aproxima
eu deixo um conselho nesta rima,
lição de uma história muito antiga.

Não cheguem como eu à conclusão
que nunca escutei com atenção
o Conto da Cigarra e a Formiga.

XCIII A Idade dos "porquês?"



Voltei, ao fim de todos estes anos,
de novo à idade dos “porquês?”
Perguntas que eu faço, mas não lês,
assim como não vês meus desenganos.

Demando a razão de um novo dia,
procuro pelo riso que não rio,
encontro este cansaço, este fastio
estranho o eclipsar da poesia.

Tacteio a confusão à minha volta,
na boca abafo um grito de revolta
encaro a solidão que me arrosta.

Não tenho soluções por mais que tente
e vejo aumentar à minha frente
a lista das perguntas sem resposta.